Quais medicamentos são mais indicados para tratar a enxaqueca?
17 de novembro de 2016
É sabido que os medicamentos desempenham papel fundamental no tratamento da enxaqueca crônica, mas diante de tantas opções, é importante entender um pouco sobre eles para que possamos ter melhores resultados. Para isso, convidamos o Dr. Elcio Piovesan (CRM PR-13562), neurologista e professor de medicina da Universidade Federal do Paraná, para nos ajudar a imergir neste universo tão variado de opções medicamentosas.
Para poder contextualizar os remédios, Dr. Elcio nos orientou primeiro sobre a importância da identificação do tipo de conduta a ser estabelecido para diferentes finalidades. Segundo ele, o tratamento da dor de cabeça é basicamente dividido em agudo ou preventivo, ou seja, para cortar a crise de dor já instalada ou para prevenir que elas aconteçam. “Podemos dizer que o tratamento da crise aguda é aquele que procura apagar o incêndio já instalado e que, portanto, necessita do bombeiro para tal. Já o tratamento profilático (preventivo) é o que cria um escudo de proteção impedindo que alguém ateie o fogo”, exemplifica.
Desta forma, os medicamentos para tratamento da crise aguda, também chamados de abortivos, trabalham diretamente nos mecanismos que agem sobre as vias de dor que estão ativadas. Já os medicamentos preventivos visam proteger o cérebro desta sensibilização e torná-lo mais forte. Contudo, em ambos os casos as profilaxias devem ser orientadas por especialistas que irão analisar o histórico de crises de dor do paciente, relacionando diversos fatores comportamentais associados. Essa análise sobre o paciente e a condução do tratamento não se faz em apenas uma consulta. É preciso acompanhar a sua adesão e resposta às terapias indicadas.
Com a ajuda do Dr. Elcio nós listamos as linhas de medicamentos mais indicadas e como elas agem:
AGUDOS
Analgésicos comuns: São mais populares porque não precisam de prescrição médica, apresentam baixo custo e pouco efeito colateral. No entanto, surtem resultado somente quando a intensidade da dor é de leve a moderada, não sendo eficaz para dores mais fortes e nem recorrentes – como a cefaleia em salvas e a enxaqueca crônica.
Anti-inflamatórios: Durante o processo da enxaqueca, as funções do cérebro ficam anormais e para tentar se recuperar ele acaba liberando mediadores inflamatórios. Este tipo de medicamento auxilia na diminuição da sensibilidade do cérebro, interrompendo o processo de dor.
Ergotamina: São bastante eficazes por sua ação no centro da dor, mas, infelizmente, também agem em muitas outras regiões do cérebro, por isso seu uso deve ser realizado sob prescrição médica e com cuidado.
Triptanos: Com menos efeitos colaterais que as ergotaminas, são indicados para dores mais intensas típicas da enxaqueca crônica. Eles agem no receptor de serotonina (hormônio que ajuda o cérebro a se tornar mais resistente a dor), mas tendem a perder o seu efeito se usados de forma excessiva. Outro alerta é para o cuidado de não misturar triptanos com ergotaminas sob risco de desencadear dores no peito. Se a pessoa fizer uso de um deles deve esperar, pelo menos, 12 horas antes de ingerir o outro.
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PREVENTIVOS
Os medicamentos preventivos não foram pensados especificamente para tratar cefaleias e migrânea crônica (enxaqueca crônica), sendo em sua maioria remédios criados para outros fins e que acabaram demonstrando sua colaboração também no sistema supressor da dor.
Antidepressivos: Ajudam a controlar a produção de neurotransmissores do cérebro como a serotonina, noradrenalina ou dopamina ou seja, ajudam a regular o mecanismo de memória da dor pois apresentam ações analgésicas independentemente de seus efeitos antidepressivos.
Neuromoduladores: Popularmente conhecidos como anticonvulsivantes, eles apresentam significativa eficácia no combate às dores de cabeça porque alguns dos mecanismos cerebrais envolvidos na enxaqueca são similares aos da epilepsia, por exemplo.
Betabloqueadores: Tem como linha de base o tratamento de doenças cardiovasculares porque ajudam no controle da pressão arterial.
Como vemos, as opções são muitas, mas não se esqueça de que o consumo abusivo de remédios para dor de cabeça (mais de dez dias de uso de analgésicos por mês) pode produzir negativamente uma desadaptação do seu organismo o tornando mais suscetível a novas crises de dor ou até mesmo produzir uma cefaleia do tipo rebote – ou seja, assim que o efeito do analgésico passar, a dor de cabeça vai voltar, e assim você precisará de outra dose, e assim por diante.
E reforçando o que já dissemos por aqui, apesar dos remédios serem grandes aliados para o combate das dores de cabeça, os hábitos comportamentais, incluindo alimentação de qualidade e a prática regular de atividades físicas, são de grande importância. Terapias físicas e mentais que promovem o relaxamento também somam para um tratamento multidisciplinar. Todos eles aplicados de forma conjunta, sob a supervisão de um neurologista especializado, certamente promovem a melhora do quadro da enxaqueca, reduzindo suas crises em quantidade e intensidade.
Consulte o seu médico para que ele analise o seu caso e desenhe o tratamento adequado para o seu quadro. Não deixe de tirar as suas dúvidas e, principalmente, não desista de encontrar a solução que melhor atenda o seu caso.
O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.