Dentre as diversas estatísticas sobre as doenças que mais acometem o universo feminino, existe uma preponderante e que costuma tornar sua jornada diária bastante difícil: a da enxaqueca crônica. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, para cada homem há três mulheres convivendo com a doença. Um número importante, cujas consequências atingem não apenas a saúde das mulheres, mas também suas atividades sociais, familiares e profissionais.
Para que elas possam viver com mais qualidade de vida é importante entender os motivos pelos quais elas são mais acometidas pela doença. Por isso pedimos a ajuda de uma especialista no assunto, a neurologista Elza Magalhães (CRM BA-11224), de Salvador, que também nos orientou sobre dicas de prevenção e linhas de tratamento.
Segundo a médica, o principal fator para o maior índice de enxaqueca nas mulheres é o hormonal. “Ao longo da vida as mulheres passam por mudanças significativas que fazem seus hormônios oscilarem, como menstruação, gravidez e menopausa, e que embora possam acontecer de forma diferente em cada mulher, em geral essas transformações interferem no limiar de dor e facilitam as crises de dor de cabeça”, explica a neurologista.
O hormônio responsável por estas interferências é o estrogênio, que está ligado à estimulação do sistema nervoso central. E é justamente na menstruação que ele se intensifica.
Embora as oscilações deste hormônio, de forma geral, sejam responsáveis pelo desencadeamento das crises, a médica relata que durante a gravidez pode acontecer de os episódios de enxaqueca diminuírem ou até mesmo cessarem, uma vez que a produção de estrógeno cai para a predominância da progesterona – hormônio que atua como calmante dos estímulos cerebrais. Na fase da amamentação é a prolactina, hormônio produtor do leite, que pode interferir nas crises.
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Como cada caso é um caso, a especialista orienta a manutenção do acompanhamento médico especializado, inclusive durante a amamentação. Ela destaca também o fato de as mamães com bebês recém-nascidos dormirem pouco e como a privação de sono é um dos fatores facilitadores de crise, elas podem se intensificar nessa fase. “Como nesse período a mulher tem restrições para a ingestão de medicamentos, é importante que ela seja vista de perto pelo ginecologista e neurologista – sem se esquecer do neonatologista, especialista que consegue avaliar qual medicamento a mãe pode ingerir sem interferir na segurança no bebê”.
O processo hormonal durante a menopausa é semelhante ao da gravidez, em que o organismo passa a produzir menos estrogênio, reduzindo as crises. Mas se a mulher faz tratamento de reposição hormonal, suas crises podem perpetuar.
Paralelo aos fatores hormonais, Dra. Elza ressalta outro componente importante que tem feito com que as mulheres aumentem as estatísticas da enxaqueca crônica, que é sobrecarga de atividades e maior exposição a situações de estresse e ansiedade, desencadeadores comprovados de dor de cabeça. Não raro, também comem e dormem mal.
Sendo assim, dentre as recomendações para prevenção e até tratamento da enxaqueca, a mudança comportamental aparece como determinante, conforme sugere a neurologista como uma prática a ser realizada regularmente:
Priorizar o sono com qualidade e obedecer a uma rotina de tempo, com hora para início e término;
Praticar exercício físico de forma regular;
Praticar atividades de lazer que proporcionem relaxamento;
Alimentar-se de forma equilibrada;
Beber bastante água;
Consultar-se regularmente com neurologista.
Lembre-se: ser mulher não precisa ser sinônimo de enxaqueca. Converse com seu neurologista e persista em seu tratamento.
O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.